segunda-feira, 30 de maio de 2011

Menino de apenas 11 anos ganha R$ 1,5 mil para dar palestras em empresas

A eloquência de um político, o poder de convencimento de um pastor evangélico e o raciocínio de um vendedor de seguros. Coloque isso tudo numa criança e pode ser assustador. O guri é um gênio. Eu tô com medo dele”, cochicha alguém no meio do evento.  De fato, Denis Bergkamp da Silva, 11 anos, dá medo de tão articulado. Agindo, pensando e vestindo-se como um adulto, Denis é um fenômeno mirim das palestras. 

Acompanhado do pai, conversou com o CORREIO após embolsar mais R$ 1,5 mil em um dos sete ou oito simpósios motivacionais que ministra por mês.   

Denis, que cursa a 6ª série numa escola particular, falou nessa ocasião para mais uma plateia lotada. Eram vendedores e gerentes de lojas do Shopping Salvador. Prolixo, como deve ser um bom explanador, o pequeno costuma elocubrar conceitos de autoajuda e os expõe em uma apresentação.  Livro preferido? Nem o mago Harry Potter, nem o vampiro de O Crupúsculo. Menos ainda o clássico Pequeno Príncipe. Sua leitura preferida é O Segredo, de Rhonda Byrne. A partir dele, Denis discorre sobre as preciosas técnicas da lei da atração e de como ela pode mudar a vida das pessoas.  Assim, o segredo de Denis Bergkamp é vender a ideia de que é possível ser feliz, ter saúde e atrair dinheiro com a força do pensamento. “Basta saber montar estratégias e gerenciar emoções”, repete ele. Além de O Segredo, Denis confessa que já leu outros 11 livros de autoajuda.

Retórica 
Alternando momentos de serenidade e euforia, como a maioria dos palestrantes do gênero, Denis tem uma palavra mágica no seu repertório: modelagem. “Copie aqueles que chegaram ao sucesso. Moldem-se como eles. Ajam e tenham os mesmos hábitos deles. A vida é automática. Se você tem hábitos bons, terá resultados bons. A modelagem é o segredo”.
Mas o menino que vê no “automático” e no “hábito” a melhor forma de progredir ainda não superou o seu maior calo. Mesmo com toda a facilidade para falar em público, mesmo com uma retórica de invejar Caetano Veloso, Denis tropeça na língua presa. “É, eu sei que preciso melhorar minha dicção”, admite.

Se nem a língua travada o impede de palestrar, nada segura Denis Bergkamp. Sua palestra é do tipo participativa. Pede a ajuda de quem está assistindo, chama voluntários.

No auge da explanação, o menino encara a plateia  e larga: E sabe de uma coisa? Vocês não são vocês. Vocês são o que colocaram nas suas cabeças”. Em seguida, entram noções de astrônomos antigos, mesclados a conceitos bíblicos e, claro, de autoajuda. “Um dia alguém disse que a Terra era redonda e não acreditaram. Defendam com unhas e dentes o que vocês acreditam. Tirem a força negativa de dentro de vocês. Vamos lá. Vamos vencer”, gritou.

“É Igreja Universal, é?”, pergunta baixinho outro ouvinte. Mas nem todos veem aquilo como piada. Na plateia, há quem fique impressionado. “Já participei de várias palestras e nunca vi um negócio desse”, diz o vendedor Márcio Cardoso. Houve até quem chorasse na palestra, mas preferiu não dar declarações.

Denis já deu palestra até em Belo Horizonte. “Em Salvador, a gente fez em empresas como a Honda, por exemplo”, diz. Pelo visto, as características do garoto cada vez mais deixam de ser um segredo.