Imagens captadas pelo satélite Meteosat-9 mostram que boa parte do Nordeste enfrenta a maior seca dos últimos 30 anos. Nas imagens é possível ver que 80% do semiárido da região sofre com a estiagem, o que representa seis vezes o percentual registrado no ano passado.
o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) produziu dois mapas, com imagens referentes aos meses de abril de 2011 e 2012. A diferença gritantes entre os cenários pode ser comprovada pelas áreas em vermelho --as quais a vegetação encontra-se afetada pela falta de água.Em 2011, quando o volume de chuvas no início do ano ficou dentro da média, a área do semiárido nordestino atingida por estiagem não chegava a 15%.
Segundo dados atualizados na sexta-feira (27), pelo menos 550 municípios já estão com decreto de situação de emergência em vigor por conta da estiagem ou da seca. O número deve crescer nos próximos dias, já que vários municípios anunciaram que ainda preparam a documentação.
De acordo com o coordenador do laboratório da Ufal, o meteorologista Humberto Barbosa, a situação na região é grave e tende a piorar nos próximos meses, já que a quadra chuvosa sertaneja começa em fevereiro e termina em maio --o inverno no semiárido é marcado por chuvas raras e de baixa intensidade.
“A seca de 2012 é pior do que o anteriormente previsto, e o agravamento da situação foi demonstrado pela análise de imagens de satélite. Os dados coletados sugerem um impacto severo, generalizado na vegetação do bioma da caatinga, maior ainda que aquele baseado apenas em dados pluviométricos. O registro da seca, que tem dominado grande parte do Nordeste neste ano, é o pior em 30 anos”, garantiu, citando que a seca está começando a afetar, com mais intensidade, o Estado do Ceará. Segundo o meteorologista, a falta de chuvas causa grandes problemas à região por atingir uma área extensa. “As secas são desastres naturais recorrentes que atingem, em termos regionais, uma quantidade de pessoas superior a quaisquer outros desastres naturais e que isto exige a utilização de novas tecnologias para avaliação da extensão das secas. Os satélites, neste sentido, são importantes ferramentas de monitoramento para a correta avaliação da extensão da seca”, explicou. Esta semana, o governo federal anunciou o destino de R$ 2,7 bilhões para ações de combate aos efeitos da estiagem na região. Parte do valor será para o recém-criado Bolsa Estiagem, que vai destinar R$ 400 às famílias afetadas, com pagamentos em cinco parcelas. Além disso, o governo antecipou o Garantia Safra (seguro contra perdas de produção) e vai investir em construções de poços, sistemas de abastecimento, barragens e cisternas. Esta semana Alagoas publicou os primeiros decretos, com 25 municípios declarando situação de emergência. Outras oito cidades devem concluir documentação para publicar a situação até a próxima quarta-feira (2). “O maior problema foi que, há oito dias, deixamos de receber os recursos da Operação Carro-Pipa, do Exército. Os prefeitos, mesmo com os poucos recursos, estão se virando para contratar”, disse Margarete Bulhões, responsável pelo setor de decretos de emergência da AMA (Associação dos Municípios de Alagoas). “O número de cidades em situação de emergência também vem crescendo em Pernambuco, onde 41 municípios tinham decretado emergência. Em Sergipe, o número de cidades com decretos publicados chega a 18, com mais de 100 mil pessoas diretamente afetadas pela seca. Já no Rio Grande do Norte, segue o número de 139 municípios com decretos publicados. No Maranhão não há relatos de problemas causados pela seca.